DOM AZCONA DENUNCIA TRÁFICO DE PESSOAS, DROGAS E ARMAS NA 49ª ASSEMBLEIA DA CNBB (2014).
Prelazia de Marajó
Marajó-PA
Fonte:
http://www.oarecoletos.org/
Marajó-PA
Dom Frei José Luiz Azcona, OAR
Na penúltima coletiva de imprensa, da 49ª Assembleia Geral da CNBB (2014), no
centro de eventos Padre Vitor Coelho, em Aparecida (SP), o bispo da prelazia de Marajó
(PA) Dom Frei José Luiz Azcona, OAR falou sobre o tráfico de seres humanos na região
Norte/Nordeste do Brasil. Já o bispo de Nova Iguaçu (RJ), Dom
Luciano Bergamin, destacou a escalada de violência que aflige o país, em destaque
o estado do Rio de Janeiro.
Uma pesquisa realizada em 2007 por três países, Brasil, Espanha e Portugal sobre tráfico de mulheres, mostrou que existe uma
rede internacional poderosa atuando no Suriname, Brasil, República Dominicana e Guiana.
Segundo Dom José
Luiz Azcona, não apenas o tráfico seres humanos, a região é marcada
também pelo tráfico de armas e drogas.
“Há um espaço de 300 km, da ponta do Amapá, até o Pará, onde não há
presença da marinha brasileira. Então é por ali que se entram armas e drogas e
saem mulheres, jovens para a Guiana e para todas as partes do mundo. Outra rota
internacional que se conhece sai de Marajó, passa por Belém e chega até
Guarulhos, e depois até Madri”, explicou Dom Azcona.
“Existem pessoas na Comissão Justiça e Paz, do Regional Norte 2 da CNBB
(Amapá e Pará), que trabalham ajudando essas pessoas exploradas, que são
ameaçadas de morte. Se não for com a ajuda da Igreja, principalmente a
católica, essas pessoas não teriam aporte nenhum, estariam entregues totalmente
a essas redes internacionais, que repito, são fortíssimas, pois o Governo não
faz e nunca fez nada para protegê-las”, destacou Dom José Luiz
Azcona, lembrando da atuação da Igreja no Pará e na Ilha de Marajó.
Segundo o bispo de Marajó, que é um dos ameaçados de morte, seu
trabalho cotidiano é combater “a maior degradação e a maior ferida humana”, que é a venda
de seres humanos, para retirada de órgãos ou prostituição. “Meu trabalho
envolve minha vida. A morte é minha companheira cotidiana, mas se tiver que dar
a minha vida em prol das pessoas que ajudamos, farei isso sem nenhum
ressentimento”, explicou o bispo prelado, destacando que a maior
parte das pessoas que estão envolvidas com pedofilia, tráfico de seres humanos,
de drogas e de armas, são gente de alto escalão dos diversos segmentos da
sociedade civil, incluindo parlamentares, juízes, desembargadores, delegados e
comando das polícias.
“Para criarmos uma cultura de paz devemos valorizar alguns setores da
sociedade. O primeiro deles é a família. Se a família vive a cultura de paz,
50% de mais importante já foi feito, se não, se se vive a cultura de violência,
aí começamos a degradação humana total”, destacou o bispo de Nova
Iguaçu, Dom Luciano Bergamin, afirmando o valor da família como pilar na
contenção da violência no país.
O bispo apresentou três fatores, que em sua visão, são
essenciais para a criação da cultura da paz. “Primeiro, na família que se começa a não
violência. Segundo, as escolas. Eu acho que as escolas têm um papel muito
importante na valorização da vida. E dentro da escola, o ensino religioso
deveria formar cidadãos, ou seja, gente que se ama e que ama a terra. Terceiro,
as religiões. As religiões não devem ser pautadas na conquista de fieis, mas
sim no propósito do amor de cristo, que morreu na cruz para nos salvar”,
explicou.
Dom Luciano reiterou a proposta enviada ao Congresso Nacional
de desarmamento. “O
Brasil é um país sem guerras, mas é o que mais morre pessoas no mundo vítimas
da violência. Os números giram em torno de 50 mil ao ano. Não basta apenas
declarações de repúdio, de marchas e caminhadas contra a violência, precisamos
de ações mais concretas, pois, a violência é implacável. Por isso precisamos de
uma educação para a paz. O desarmamento social deve ser uma ação concreta. E o
maior desarmamento deve vir do coração”, disse.
Edição
para o Blog da Província: Frei Ricardo, OAR
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