UMA BREVE RESENHA DAS "CONFISSÕES" DE SANTO AGOSTINHO.
Província Santa Rita de Cássia
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Em busca de um maior aprofundamento no estudo da agostinologia, compartilhamos aqui uma resenha de autoria de Frei Ricardo da mais famosa obra de Santo Agostinho, "AS CONFISSÔES".
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Trad:
J. Oliveira dos Santos, SJ e A. Ambrósio de Penha, SJ. Ed: Nova Cultural. São
Paulo, 2000, Coleção “Os Pensadores”, 416 pgs.
Aurelius
Augustinus nasceu em Tagaste, a treze de novembro de 354 d.C., era filho de
Patrício e Mônica. O pai era pagão e a mãe cristã. Teve dois irmãos. Estudou em
Madaura, e por motivos financeiros voltou a Tagaste. Depois, foi para Cartago,
capital da África romana. Tornou-se professor e como tal viveu por muito tempo.
Foi adepto do Maniqueísmo, participou das academias ceticistas, procurou se
encontrar através de textos neo-platônicos. Viveu em concubinato, amando tal
mulher e com ela tendo um filho, Adeodato, que faleceu por volta de seus
dezesseis anos de idade. Ficou noivo de outra, de quem depois também se
afastou. Viveu de acordo com sua natureza humana, e como tal, buscava os
prazeres da carne, sem contudo, se sentir feliz e realizado. Seus melhores
amigos na juventude e na vida monástica, foram Nebrídio e o fiel Alípio.
Converteu-se ao Cristianismo, radicalizando seu modo de vida, vivendo uma vida
totalmente espiritual. Foi bispo de Hipona e hoje é considerado “Doutor da Igreja” Escreveu várias obras de cunho
moral-religioso. Morreu em vinte e oito de agosto de 430 d. C., aos setenta e
seis anos.
Esta obra, trata-se de
uma autobiografia, composta de treze livros, escritos de 397 a 398 d.C., quando
Agostinho já era bispo de Hipona, e tem como objetivo confessar-se a Deus e aos
homens, reconhecendo a misericórdia divina, concedendo-lhe o perdão e a Graça
da conversão. Nos dez primeiros livros, Agostinho nos deleita com aspectos e
fatos de sua vida. Já nos três últimos livros, ele faz uma menção à criação, ou
seja, ao livro dos Gênesis.
LIVRO
I: A Infância.
Este
livro é dividido em vinte e dois capítulos. O autor faz uma profunda profissão
de fé e louvor a Deus, reconhecendo-o como o Ser Supremo e Misericordioso,
exprimindo sua profunda sede de encontra-lo. Depois, fala de sua primeira
infância e dos seus pecados dessa fase, baseando-se na observação de que ele
fez em outras crianças, destacando a finitude humana e a eternidade de Deus.
Seguindo adiante, Agostinho cita os pecados da segunda infância, onde ele
ressalta os desejos, a inveja e a vaidade, bem como fala também dos castigos
aplicados pelos seus mestres e pela súplica a Deus, para que o livrasse desses
castigos. Relata sua paixão pelos jogos e pelo teatro, prática estas aprovadas
pelos pais dos jovens da época, uma vez que tais jogos e espetáculos culminavam
em prestigio e honra para aqueles que saiam bem. Narra quando esteve doente, e
pensando que iria morrer, implorou o batismo, mas este foi adiado, uma vez que
se recuperou rapidamente da doença. Fala também de seus estudos, onde se sentia
obrigado à cursá-los e de sua dificuldade em entender sua utilidade, bem como a
sua dificuldade em apreender o grego. Há um reconhecimento da utilidade dos
conhecimento adquiridos e oferecimento destes a Deus. Critica as crenças aos
deuses gregos e reconhece que no passado, os ensinamentos a respeito deles o
agradava, e conclui que desperdiçava sua inteligência com tais ensinamentos.
Agostinho, nesse primeiro livro, faz um exame de toda sua infância, seus
pecados e sua postura frente aos pecados dos companheiros, constatando que os
pequenos pecados da infância, serão realizados com gravidade na vida adulta. E
finalmente, faz agradecimento a Deus, considerando-o o grande Criador e
Ordenador do Universo, do qual tudo recebemos para a constituição de nossa
existência.
LIVRO
II: Os pecados da adolescência.
Neste
segundo livro, composto por dez capítulos, Agostinho faz um relato de sua
adolescência aos dezesseis anos, enfoca a figura de seu pai como homem zeloso
na formação educacional de seus filhos, porém alienado na educação religiosa.
Enfoca também a figura de sua mãe, Mônica, transmissora da palavra e dos
cuidados de Deus para com ele. Narra a dificuldade de um jovem em
transformações, cheio de conflitos, e que se deixava levar pelas paixões e
pelos prazeres, guiados pelos companheiros, no entanto, com sua permissão. Fala
ainda, de forma bem clara sobre o livre-arbítrio. Dirigindo-se a Deus, diz que,
enquanto ele se afastava Dele, Este o permitia, e quanto mais ele se entregava
às paixões, Deus se calava. Para Agostinho, o ócio é favorecimento ao pecado, e
ainda tenta ir a fundo nesta questão, quando pergunta, o que o teria levado a
furtar as pêras. Vê a influência dos amigos em sua vida. Por fim, ele reconhece
suas misérias humanas como um aprendizado e demonstra seu desejo de ser
perdoado e encontrar a paz interior.
LIVRO
III: Os estudos.
Composto
por doze capítulos, Agostinho inicia este livro falando sobre os amores da
juventude, sua ansiedade por ser amado e se entregar às paixões com todas as
suas conseqüências. Para exemplificar, ele cita a influência das artes cênicas,
que mexe com a sensibilidade das pessoas. Depois fala de sua corrupção e
vaidade por ser o primeiro aluno em retórica. Mostra-se
horrorizado com as desordens praticadas por seus companheiros, e um certo
alívio por não acompanhá-los em tais desordens, exprimindo seu contentamento em
tê-los como amigos. Fala ainda de que maneira foi despertado para o amor à
Sabedoria, através do livro “Hortensius” de
Cícero, com esta obra, ele se sentiu inclinado a voltar-se para Deus, porém não
se sentia convencido, uma vez que a obra não mencionava o nome de Cristo, nome
que ele afirma ter sorvido com o leite materno. Por causa disso, Agostinho
resolve estudar as Sagradas Escrituras, para conhecê-las, porém se sente muito
culto para tão simples escritos. Adere ao Maquineísmo, e se deixa levar por
esta seita. Então, se sente enganado, pois buscava a Verdade, e vê que mais e
mais está se afastando dela. Faz uma crítica severa ao Maniqueísmo, abordando
os fundamentos naturais da moral, e lançando questionamentos. Aborda também a
difícil tarefa de julgar o que seria condenável ou não por Deus e pelos homens.
Findando este terceiro livro, Agostinho volta a citar o papel de sua mãe em sua
vida, como aquela que padecia em ver o filho por caminhos errôneos de morte.
Então, ela buscava na oração o consolo, e por Deus era tranqüilizada em sonho,
de que um dia seu filho retornaria a Deus. Para Agostinho, sua mãe era a
porta-voz de Deus para com ele. Ele ressalta o sofrimento e as lágrimas
perseverantes e esperançosas de sua mãe em um dia ver o seu filho no caminho de
Deus. Cita também a grande e famosa “previsão”, feita pelo bispo Ambrósio a sua
mãe, dizendo para que ela ficasse em paz, pois um filho de tantas lágrimas, não
poderia se perder.
LIVRO
IV: O Professor.
Composto
por dezesseis capítulos, Agostinho inicia este livro falando de suas vaidades
no exercício do magistério, onde ele procurava o louvor e o reconhecimento
popular por seus ensinamentos. Depois, relata superficialmente a vida ao lado
de uma mulher, em concubinato e que lhe afirma ter sido fiel. Fala também de
suas supertições, que o levou a se interessar pela Astrologia. Ressalta a morte
de um grande amigo, o qual ele tinha aprendido a ter um profundo amor. Essa perda,
fez com que ele sofresse muito, bem como adquirisse um grande medo da morte. Em
meio tanta tristeza, ele sai de Tagaste e vai para Cartago. Narra então, o
recomeço de sua vida em Cartago, e o retorno, pouco a pouco aos prazeres.
Entretanto, neste momento da obra, Agostinho faz um interrupção em seu
pensamento, para falar sobre a felicidade dos que amam aos homens sem
distinções preferenciais, e a Deus como o Ser Supremo do amor. Fala ainda da
finitude, da instabilidade do homem e da estabilidade de Deus, pois nada sucede
a Ele e, como tal, Ele não passa. Faz uma exortação ao “Deus da Vida”, que se
colocou na condição humana, para viver entre os homens e resgatá-los da morte.
Após esta interrupção , Agostinho volta a narra, indagando a Deus e a si, tentando
entender a sua admiração pelo orador romano, de nome “Hiério”, concluindo ser motivo dessa
admiração, a sua própria vontade de ser como ele. Neste livro, Agostinho volta
a citar o Maquineísmo, fazendo um exame em sua doutrina, demonstrando o seu
desejo de se livrar dela, e voltar a se aproximar de Deus, porém, reconhece-se
incapaz disto, pois julgava-se materialista, errante e soberbo. No entanto, se
considerava autodidata, mas sem entender de que servia compreender as obras
aristotélicas sobre as dez categorias e todos o livros de arte, uma vez que
tudo isso não lhe era necessário para compreender a Deus, pelo contrário, só
contribuíam para o seu afastamento.
LIVRO
V: Em Roma e em Milão.
Neste
quinto livro, composto por quatorze capítulos, Agostinho relata sua vida aos
vinte e nove anos de idade, quando se encontra com o bispo maniqueu “Fausto”, a
quem Agostinho admirava pelo seu jeito envolvente, e buscava com ele as
respostas a respeito da Verdade. Porém, quando se encontraram, Agostinho ficou
profundamente decepcionado, pois ele não era tão competente como Agostinho
pensava. Assim, logo após o encontro com Fausto, sente-se insatisfeito e
pretende se desligar do Maniqueísmo, porém sem uma perspectiva melhor. Continua
narrando que preferiu ir a Roma para lecionar, por ter uma melhor perspectiva
quanto as atitudes dos jovens em relação aos estudos, e aí, faz uma critica aos
jovens de Cartago, quanto à liberdade dos estudantes. Fala também da
contrariedade de sua mãe, quando ele vai para Roma. Narra sua chegada a Roma,
sua doença, sua resistência em se batizar, sua recuperação, e mais uma vez se
mostra impregnado à doutrina maniqueísta, fazendo alusões à ela. Cita suas
amizades com o maniqueus e as críticas que eles faziam às Sagradas Escrituras.
Fala também de sua participação nos debates públicos contra os maniqueus, nos
quais ele participava como ouvinte.Depois,dedicando-se inteiramente ao ensino
da retórica. Através de seus amigos maniqueus consegue um emprego em Milão, e
ao chegar lá, conhece o bispo católico, chamado Ambrósio, e quem Agostinho
começa a estimar como um homem bom que o acolheu. Com intenção de avaliá-lo,
Agostinho começa a prestar atenção em suas conversas com o povo e a compará-lo
com o bispo maniqueu Fausto. Ambrósio fazia uma interpretação das Sagradas
Escrituras usando um método alegórico, que muito atraia Agostinho. Embora
relutante, esta forma de abordagem tocava de modo consciente os pensamentos de
Agostinho, que começava a tender por aceitar a fé católica, porém de forma
muito tímida.
LIVRO
VI: Entre amigos.
Nesses
dizesséis capítulos, Agostinho relata à sua mãe seu afastamento do Maniqueísmo,
e se surpreende pelo fato dela ter reagido de forma bem tranqüila. Também fala
da obediência de sua mãe ao bispo Ambrósio, com uma admiração e respeito mútuo.
Faz referencia a personalidade deste bispo, e a influência exercida por ele à
sua pessoa, para o seu reconhecimento dos erros cometidos diante do Catolicismo
e das Sagradas Escrituras. Fala de sua amizade com Alípio e Nebrídio, o primeiro,
seu ex-aluno e com quem se envolveu nas supertições dos maniqueus. Fala ainda
de seu fascínio pelos espetáculos circenses, de sua prisão, onde era inocente,
de sua retidão de caráter, da viagem que ambos fizeram a Roma e a Milão. Sobre
Nebrídio, Agostinho fala que era de família abastada, e que abandonou tudo para
se juntar com Alípio e Agostinho, com o objetivo de buscarem a Verdade e a
Sabedoria. Com muitos questionamentos, Agostinho e Alípio debatem sobre vários
aspectos, como casamento, prazer, vida celibatária e outros. Neste contexto,
convencido pelas insistências da mãe, Agostinho se torna noivo de uma jovem que
não se encontrava em idade núbil. Neste mesmo livro, ele fala sobre o seu
sofrimento, ao ter sido arrancada de seu lado, a companheira que ele tanto
amava. Em conseqüência disto, multiplicaram-se os pecados. Fala também de seu
filho Adeodato, que teria ficado com ele. Por fim, fala de seus debates com
Alípio e Nebrídio sobre o problema do mal.
LIVRO
VII: A caminho de Deus.
Neste
livro, composto por vinte e um capítulos, Agostinho inicia-o falando sobre sua
passagem da juventude para a maturidade, ainda impregnado de materialismos e a
busca das coisas vãs, como sua resistência a perceber além dos sentidos,
fazendo novas alusões a doutrina maniqueísta. Reconhecendo que Deus é
absolutamente incorruptível, ele começa a indagar-se sobre a origem do mal, e
apesar de suas dúvidas, confessa firme sua fé Católica. Depois, narra sua
refutação à Astrologia, usando a história de um amigo chamado "Firmino", este o teria procurado para
pedir seu parecer sobre o tema. Repleto de inquietudes, Agostinho continua a
perguntar sobre a origem do mal, e atribuir à estas inquietudes, um bem, o qual
não o deixava parar a sua busca. Em conseqüência desta buscas, ele faz suas
primeiras leituras da doutrina neo-platônica, da qual ele diz ter aprendido.
Instigados por estes escritos, Agostinho se volta para se íntimo e ali busca a
Verdade. Através de uma reflexão profunda, diz ter encontrado-a, e assim, se
convertido à luz da própria Verdade. Também chega a conclusão de que tudo
criado por Deus é bom, e que o mal não é uma substância, pois se fosse seria um
bem. Em meio a suas fraquezas, Agostinho ainda não reconhece Cristo como
Mediador entre Deus e os homens, e confessa que só muito tempo depois, pode
entender as palavras bíblicas: “E o Verbo se fez
carne...” enfim, Agostinho se lança na leitura das Sagradas Escrituras,
principalmente, nas cartas de São Paulo.
LIVRO
VIII: A conversão.
Em
doze capítulos, Agostinho narra neste livro seu encontro com Simpliciano, com
quem teve oportunidade de se confessar e contar sobre suas leituras
neo-platônicas. Simpliciano, para incentivá-lo a seguir Cristo, conta-lhe sobre
a conversão de Vitoriano, o que lhe enche de alegria, mas Agostinho, embora já
tendendo à conversão, se vê cheio de conflitos interiores, entre a renúncia dos
prazeres da carne, e uma vida totalmente espiritual. Recebe a visita de
Ponticiano, um cristão praticante, que lhe falou a respeito de um monge
egípcio, "Antão" e de
outros monges com seus costumes. Enquanto Ponticiano lhe falava, Agostinho
refletia sobre si mesmo, mas ainda assim hesitava a se converter. Isso acontece
pela ação divina, que o leva a um estado de loucura. Passado este estado, ele
consegue se desvencilhar de todas as dúvidas e encontrar o estado da Graça.
LIVRO
IX: O batismo.
Este
Livro está dividido em treze capítulos. Nele Agostinho reconhece a misericórdia
de Deus para com ele, e agradece-lhe profundamente, por tê-lo tirado do abismo,
sentindo-se liberto de todas as fraquezas da carne. Decide abandonar a carreira
de professor. Em seguida, narra a morte de Vericundo, um professor e amigo seu,
que antes de morrer teria de tornado cristão, e lhe teria emprestado uma
propriedade, onde ele permaneceu em retiro. Fala também de Nebrídio, que mesmo ainda
não tendo se convertido, o acompanha, e buscava igualmente a Verdade. Neste
livro, Agostinho ainda fala da comunidade que formaram, onde eles se ocupavam
com atividades literárias, meditações e leituras dos Salmos. Decidido a ser
batizado ,e viver a serviço de Deus, ele se prepara para isso. Ele, seu filho
Adeodato e seu amigo Alípio são batizados pelo bispo Ambrósio. Relata ainda,
sobre a educação e as virtudes de sua mãe. Fala de sua morte, onde pouco tempo
antes desta ocorrência, teria ocorrido uma premunição por parte dela, e
instantes antes, estando os dois juntos, entraram em êxtase, através da
contemplação. Durante este episódio, Agostinho que, embora profundamente
triste, teria se mantido sereno. Algum tempo depois, começa a se recordar
constantemente dela, por isso, faz constantes orações ao Senhor por ela e por
Patrício, seu pai.
LIVRO
X: O encontro com Deus.
Composto
por quarenta e três capítulos, neste livro, Agostinho faz uma reflexão sobre a
virtude da alma. Agora, seguro de sua fé e de sua conversão, ele deseja dar
testemunho vivo. Relembra o passado, mas não como algo que lhe martiriza. Fala
sobre o que compreendeu além dos sentidos, e faz uma reflexão sobre a alma,
apontando a memória como morada dos sentimentos da mesma. Fala ainda, a
respeito da felicidade almejada pelo homem, e que este só a encontra, quando
encontra a única Verdade, Deus. Falando ainda sobre a memória, afirma estar aí
a Verdade. Por isso, reconhece ter tido a Verdade o tempo todo em seu interior,
enquanto a procurava fora de si mesmo. Agora tranqüilo, relata que a
continência é dom de Deus, e se Ele a impõe, é porque concede tal dom. Também
com este mesma serenidade, encontra os motivos pelo qual os sentidos impulsiona
o homem ao pecado. Por fim, reconhece Jesus Cristo como único mediador entre Deus e os homens, bem como ter
sido Ele, Aquele que o remiu com seu sangue, e do qual Agostinho deseja
saciar-se.
LIVRO
XI: O homem e o tempo.
A
partir desse décimo primeiro livro, composto por vinte e sete capítulos, até o
término desta obra, Agostinho louva a Deus, tomando como motivo a Criação. Ele
inicia este livro com a explicação do princípio dos Gênesis, detendo-se
especialmente nas palavras: “No princípio criou Deus o
céu e a terra...” Logo depois, faz uma exaltação à majestade de Deus, confessando seu
inflamado amor por Ele. Agostinho confessa também que desde a infância, sentia
um ardente anseio de meditar a Palavra do Senhor. Fala do amor aos irmãos e do
zelo pelas Sagradas Escrituras. Faz um pedido a Deus, que Ele lhe conceda tempo
e sabedoria, para que possa meditar seus mistérios e sua Palavra. Afirma que a
alegria dos maus não vem de Deus. Reafirma Jesus Cristo com único Mediador, e
diz que só em Deus se encontram todos os tesouros de sabedoria e ciência. Cita
Moisés para falar da criação d céu e da terra. Nos diz que a Verdade que é
Deus, é muito mais do que a boca, a língua e os ruídos das sílabas possam
expressar, é infinitamente majestosa e grandiosa. Exprime o desejo de
interrogar Moisés a respeito da Verdade, porém não o pode, pois os dois são de
épocas distintas. Então, ele pede ao Pai, sabedoria para compreender sua
Palavra. O homem existe, porque foi criado por Deus, a Palavra de Deus é
criadora de tudo e de todos. Enfim, Deus criou todo o Universo do nada. Ele
criou os homens, exprimindo em nossa matéria a alma, e onde somente Ele é o
verdadeiro Juiz. Agostinho ressalta que a Voz de Deus ecoa no silêncio, e que
Jesus é coeterno com o Pai. Ele foi gerado no silêncio e permanece sobre nós
eternamente, portanto, o Verbo é verdadeiramente eterno e imortal. Jesus é o
princípio de todas as coisas, Nele se encontra toda a Verdade, Ele é o único
Mestre. Agostinho nos aconselha a ouvirmos a Voz de Deus em nosso interior.
Para alguns ignorantes que se perguntam: “O que
fazia Deus, antes de criar o Universo?” Agostinho narra um pensamento
que diz: “Criava o inferno para quem se
faz tal pergunta.” Reafirma que a Vontade de Deus
não é uma criatura, mas ela está antes de toda criatura, pois nada seria
criado se não existisse a Vontade do Criador. Agostinho diz que a eternidade
está muito além do tempo, pois nela nada passa, tudo é presente, sendo Deus, o
Senhor do tempo e da eternidade.O bispo de Hipona diz que o tempo é um ser de
razão, com fundamento na realidade. Ele estuda o problema do tempo, apenas sob
o aspecto psicológico, ou seja, é como nós o apreendemos, não o estuda sob o
aspecto ontológico, ou seja, como ele é em si. Agostinho fala
de três divisões de tempo: o tempo futuro (longo), o tempo passado (breve), e o
tempo presente é a intermediação entre o passado e o futuro. O tempo é
contínuo, e com tal, é individual. A certo ponto deste livro, Agostinho diz que
o tempo não é mensurável, por conseguinte, é um enigma, pois ao mesmo tempo que
é tão claro, se faz bastante obscuro, portanto exige uma grande análise. Mais
no final deste livro, Agostinho contesta a tese do filósofo helênico “Erastóstenes”, que diz ser o curso do sol o
tempo. Agostinho pretende distinguir o tempo astronômico do tempo metafísico e
do tempo psicológico. Por fim, reafirma que o tempo não é movimento de corpos.
Segundo Agostinho, no conceito de tempo, há dois elementos, um transitório
(sucessão), e outro permanente (duração). Ele ainda fala da atenção, em relação
ao tempo, onde sua função é ligar o passado ao futuro. Exorta-nos Agostinho que
somente esquecendo-nos dos erros do passado e seguindo ao Deus Uno e Trino, é
que se chega à unidade do nosso ser. Diz também que sem a criação não existiria
o tempo, pois na eternidade não há tempo. Encerrando este livro, Agostinho
reafirma que Deus conhece de forma diferente das criaturas, pois seu
conhecimento é infinitamente mais admirável do que o das criaturas.
LIVRO
XII: A criação.
Neste
livro composto por trinta e dois capítulos, Agostinho trata principalmente da
origem do mundo, da interpretação alegórica da Bíblia e da existência da
matéria informe, ou matéria “prima” de Aristóteles. Ele continua a explicação
das palavras; “No princípio Deus criou o céu e
a terra...” Por céu, entende-se alegoricamente, os seres espirituais que gozam da
vista de Deus, já por terra, entende-se a matéria, ainda privada de forma
incorruptível. A matéria informe, segundo Agostinho, é a terra invisível e
ordenada que Deus criou sem beleza, para dela fazerdes um mundo belo, assim
sendo, houve o princípio do mundo visível. Agostinho faz uma invocação a
Verdade, declarando o seu amor pela mesma. Também neste livro, ele faz uma
interpretação das primeira palavras da Bíblia, mas precisamente do livro do
Gênesis (Criação), aprofundando-se nestas. Como a profundeza das escrituras é
inexaurível, Agostinho confessa que não pretende condenar outras maneiras
verdadeiras de interpretar este lugar do Gênesis. Enfim, ele procura fazer uma
exegese literal, o que nem sempre consegue, fugindo muitas vezes para a exegese
alegórica. Seu enfoque principal é na figura de Moisés, a quem Agostinho
atribui a autoria do Gênesis.
LIVRO
XIII: A paz.
Neste
ultimo livro, composto por trinta e oito capítulos, é muito parecido com o
início desta obra, quando Agostinho fala da inquietação humana, da beleza da
criação e da esperança no repouso em Deus. Neste décimo terceiro livro, estão contidas
passagens de interpretações das Sagradas Escrituras, teologia, filosofia,
poesias e misticismos. Agostinho faz um grande agradecimento a Deus pela sua
bondade manifestada na criação. Usa diversas alegorias: a alma como iluminada
pela fé, o firmamento como a Bíblia, as águas do firmamento são os anjos, as
águas amargas são os mundanos, a terra enxulta é a alma caritativa, os frutos
da terra são as obras de misericórdia, e os peixes são os milagres estupendos.
Agostinho fala também sobre a beleza da criação no conjunto. Finalmente, ele
fala da esperança do repouso em Deus.
APRECIAÇÃO
PESSOAL.
A
leitura desta obra foi de suma importância para meu enriquecimento, tanto
histórico, como espiritual, pois para jovens que assim como eu, aspiram seguir
os passos de Cristo no estilo de Santo Agostinho, a leitura das Confissões, abre-nos novos horizontes
intelectuais para a melhor compreensão de nós mesmos e de nossos irmãos.
Vários
aspectos da obra levaram-me a refletir profundamente, no entanto foi a
incessante busca pela Verdade por Agostinho, que me fascinou. Uma imensa inquietação
o levou a andar por caminhos errôneos, como os prazeres mundanos e a seita
maquineísta. No entanto, quando ele percebeu que a Verdade buscada fora, é
Jesus, e que Este habitava dento dele, finalmente, encontrou a paz para suas
constantes inquietações.
Agostinho,
além de um grande santo e sábio, como já diz a voz popular: “Agostinho de Hipona, o mais sábio dos santos e o
mais santo dos sábios.” Foi também um grande teólogo e filósofo, ou seja
um amante da Sabedoria. Portanto, suas obras são de grande valor para a
compreensão da Filosofia. As Confissões,
embora seja uma obra que deve ser analisada dentro de sua conjuntura histórica,
traz-nos respostas para nossas inquietações na busca da Verdade, pois nesta
obra, Agostinho retrata-se com muita transparência, suas fraquezas, seus
questionamentos, suas ansiedades, e por fim, a ação divina em sua vida. Enfim
toda esta obra é uma oração fervorosa ao Senhor da História.
Frei Ricardo Alberto Dias, OAR.
Gostei muito da forma em que o texto é apresentado.
ResponderExcluirAo ler As Confissões de Santo Agostinho, percebe-se por todo o conteúdo uma sequencia de repetições, mormente quanto à fervorosidade do mesmo, e ao desejo e a grande fé no Altíssimo. O autor, neste resumo conseguiu expressar sinteticamente a essência de todo o enredo sem necessidade de repetir cada ponto ou capítulo.
ResponderExcluirBastante precisa e interessante a exposição do caminhar histórico da conversão do filósofo Agostinho, atual Sto. Agostinho.Hoje os estudos em torno deste respeitável filósofo e teólogo não terminaram. Hoje há uma linha em torno do pensamento deste venerável santo e filósofo que busca levantar alguns pontos da atual "Teologia da libertação" já pontuados pela filosofia e teologia deste santo Filósofo e Teólogo Agostinho há quase 20 séculos, Vamos aguardar e que Sto. Agostinho nos ilumine!
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