QUARESMA – TEMPO DE CONVERSÃO, TEMPO DE PENITÊNCIA, TEMPO DE MUDANÇA DE VIDA.
Província Santa Rita de Cássia
Brasil
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Quaresma[1],
tempo de conversão, tempo de penitência, tempo de mudança de vida. Quaresma,
“quarenta dias”, considerados à luz do simbolismo bíblico, tempo
salvífico-redentor, no qual voltamos para o interior de nós mesmos no esforço
de realizar o verdadeiro encontro com o próprio Deus que habita na intimidade
em cada um de nós.
A
Quaresma é também um período em que nós, católicos, somos incentivados e
orientados pela Igreja a fazermos com mais dedicação, três exercícios
espirituais tradicionais: esmola, jejum e
oração em preparação à grande Solenidade da Páscoa do Senhor. No entanto, a
Quaresma nos convida mais do que a práticas exteriores, a movermos os nossos
corações às necessidades de nossos irmãos e irmãs.
Esse
tempo propício à conversão e à penitência é baseado no número quarenta por
estar este número associado a alguns eventos muito significativos na história
sagrada. O povo hebreu, guiado por
Moisés, passou quarenta anos em peregrinação no deserto, em direção e de volta
à terra prometida. Moisés ficou quarenta dias e quarenta noites no monte Sinai,
quando então, recebeu as tábuas da Lei de Deus. Jesus passou quarenta dias e
quarenta noites no deserto, como experiência espiritual na sua preparação para
o início da sua vida pública, tendo sido tentado pelo diabo no momento em que
sentia fome e sede.
ORIGEM DA PÁSCOA
Os
hebreus, depois que retornaram à terra prometida, começaram a celebrar a grande
festa da Páscoa, que significa “passagem”: da vida de opressão e morte
no Egito à vida de liberdade na sua própria terra. Eles escolheram o início do
ano no seu calendário lunar, que coincide, também, com o início da primavera no
hemisfério norte, o que correspondia ao dia 14
do mês de Nissan. Esse dia corresponde, também, ao chamado equinócio da
primavera, quando o dia, que durava menos do que a noite durante o inverno,
agora igualava a noite e, a partir de então, cresceria até tornar-se bem maior
que a noite, durante o verão. Ora, este simbolismo remetia à consciência de que
as trevas foram superadas pela luz, que a vida em liberdade vencera a morte na
escravidão do Egito. Nesse dia, ainda, ocorria, sempre, a Lua cheia, já que o
calendário hebraico era e continua a ser um calendário lunar, isto é, cada mês
é de 28 dias, correspondente aos 28 dias de rotação da Lua em torno da Terra. O
dia 14 de Nissan era, portanto, pleno
de significado religioso para o povo hebreu, que a partir desse dia comemorava
aquela importante festa da Páscoa,
num período de Lua cheia e luminosidade noturna bem maior que noutros dias, e
com dias cada vez mais longos que as noites.
Os
católicos, tendo em vista todo o simbolismo e toda a tradição do povo hebreu na
celebração de sua Páscoa, aproveitou esse mesmo simbolismo para aplicá-lo à Páscoa cristã. Afinal, à semelhança da
Páscoa judaica, a ressurreição de Jesus marca para nós a Páscoa cristã, isto é,
a passagem de Jesus da escravidão da morte para a liberdade da vida gloriosa,
tendo a morte sido definitivamente derrotada pela Sua ressurreição.
PARA BEM VIVER A QUARESMA
Quando
a Igreja propõe aos seus fiéis um período mais propício a um retiro espiritual,
marcado por jejum, oração e esmola, não está tanto querendo colocar ênfase no
sofrimento como meio de purificação e perdão de pecados. Está, sim, mais
preocupada com o fato de que os cristãos precisam, dada a própria condição humana
– marcada pelo sofrimento nas várias dimensões da vida – exercitar a
solidariedade com aqueles irmãos mais sofridos em nossa sociedade. Pelo jejum,
o cristão se volta para si mesmo, buscando o seu autodomínio; pela oração, ele
se volta humildemente para seu Deus; pela esmola, o cristão se volta para o seu
semelhante, para o seu próximo, num exercício mais prático de solidariedade e
partilha. A Igreja acredita que tais exercícios têm muito a contribuir para o
crescimento espiritual dos fiéis. E este crescimento terá como consequências a
santificação da própria Igreja e, por seu intermédio, a santificação do mundo.
Os fiéis,
para bem viverem esse riquíssimo tempo quaresmal, devem conscientizar-se de que
os exercícios propostos valem a pena e não devem ser vividos somente durante a
Quaresma, mas, especialmente, nesse período. Os exercícios quaresmais devem
fortalecer os cristãos para os desafios da própria vida cristã ao longo de todo
o ano, não se limitando apenas ao período da Quaresma. Esse período litúrgico,
finalmente, visa a colocar o cristão, uma vez por ano, em sintonia fina com o
seu Mestre, Senhor e Salvador, Jesus Cristo, especialmente naquilo em que
consistiu sua Missão: a redenção dos
pecados pela sua paixão, sua morte e sua gloriosa ressurreição.
Por Frei Ricardo Alberto Dias, OAR
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acessando a nossa WEB OFICIAL:
[1] Cf.
ARAGONO, Uilso. QUARESMA – UM TEMPO
LITÚRGICO MÓVEL E SEU SIGNIFICADO. In.: http://mondaespero-blog-uilso.blogspot.com.br/2012/03/quaresma-um-tempo-liturgico-movel-e-seu.html.
Acessado em 21/02/2014.
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