08/12 – SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA.
Província Santa Rita de Cássia
Brasil
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A doutrina da Imaculada Conceição, cuja
memória litúrgica celebra-se dia 08 de dezembro, sempre foi uma realidade muito
constante nos escritos dos santos. Desde os primeiros séculos, a cristandade já
recordava a Virgem
Maria como aquela que fora preservada de toda mancha do pecado - a Tota Pulchra,
como canta a antífona própria desta festa. Ao contrário de Eva, a também virgem
imaculada que respondeu à visita do anjo decaído com seu não a Deus, Maria é a
virgem imaculada que, recebendo em sua casa a presença de São Gabriel,
respondeu com o seu sim: "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim
segundo a Tua Palavra".
E foi nesta firme convicção, "depois de
na humildade e no jejum, dirigirmos sem interrupção as Nossas preces
particulares, e as públicas da Igreja, a Deus Pai", que o Papa Pio IX,
num dos atos mais solenes de seu pontificado, declarou "a doutrina que sustenta que a
beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular
graça e privilégio de Deus onipotente (...) foi preservada imune de toda mancha
de pecado original". Não por acaso, pouco tempo depois desta
proclamação, em 1858,
Nossa Senhora apareceria a uma jovem camponesa de Lourdes, na França, dizendo
ser a "Imaculada
Conceição".
Antes da definição de Pio IX, no entanto, existiam
algumas controvérsias teológicas quanto a esse ensinamento. Embora fosse de
grande consenso a doutrina segundo a qual Maria nascera sem pecado algum -
estando essa verdade presente não só na fé popular como também nos textos
litúrgicos -, muitos teólogos viam com dificuldade a proposição, sobretudo porque
não conseguiam entender de que modo isso poderia se relacionar com a redenção
operada por Cristo no mistério da paixão. Afinal, sendo Maria imaculada, teria
ela necessitado da salvação?
A dificuldade, infelizmente, acabou
suscitando algumas heresias já na época de Santo Tomás de Aquino. Para certos teólogos,
Maria não teria sido redimida por Cristo. O imbróglio, com efeito, fez com que
o Doutor Angélico reagisse na Suma Teológica, negando a doutrina da imaculada
conceição. Foi somente no final de sua vida, no seu comentário da saudação
angélica (ou seja, da Ave-Maria), que Santo Tomás voltou atrás e
aceitou essa verdade de fé.
A confusão teológica, contudo, ainda
perdurou por algum tempo até que um frade franciscano, o bem-aventurado Duns Scoto,
finalmente apresentasse uma explicação consistente. Scoto defendia que Maria havia sido salva
já no ventre de Sant’Anna, tendo em vista o sangue de Cristo derramado na cruz.
Uma vez que Deus não está preso ao tempo e ao espaço, Ele bem poderia utilizar
os méritos da Paixão de Jesus antecipadamente, preservando Nossa Senhora das
insídias diabólicas. Foi baseado nesta argumentação que o também bem-aventurado
Papa Pio IX publicou a Bula Innefabillis Deus, pondo termo à
controvérsia e definindo como dogma de fé a "Imaculada
Conceição de Maria".
Na Bula Innefabillis Deus, Pio IX
usa duas passagens bíblicas para atestar a veracidade do dogma: Gênesis,
capítulo 3 - o chamado Proto-Evangelho em
que se narra a "inimizade" entre a serpente e a Mulher -, e Lucas, capítulo
1, no qual o evangelista relata a saudação angélica de São Gabriel: "Ave, Cheia
de Graça, o Senhor é convosco". Com esses dois textos, o Papa
revela as evidências da santidade de Maria. Por ter sido agraciada desde o
ventre de sua mãe, Maria é a inimiga por excelência do demônio; e sendo a "Cheia de
Graça", à qual "grandes coisas fez Aquele que é
poderoso", possui a mais perfeita amizade com Deus.
Nós, brasileiros, temos a grande graça de ter
herdado de Portugal a devoção pela Imaculada Conceição de Maria. Embora muitas
pessoas não saibam, é a Imaculada Conceição a Padroeira de Portugal.
Isso porque foram naquelas terras que aconteceram as maiores batalhas em defesa
da fé cristã e, sobretudo, em defesa da imaculada conceição. Numa época em que
a península ibérica via-se ameaçada pelas investidas dos mouros, os cavaleiros
cristãos fizeram um pacto de sangue, a fim de preservar a fé católica da região.
E venceram com a ajuda e intercessão da Imaculada.
No Brasil, temos também como padroeira Nossa Senhora da
Conceição Aparecida. Ela, como "um exército em ordem de
batalha", convida-nos também a empreender um combate contra a serpente
maligna que assalta nossa dignidade, nossos filhos e nossa fé.
Rezemos a Ela, a Auxilium Christianorum, para que
neste momento, em que duas leis perniciosas tramitam em nosso parlamento com o
intuito de destruir a família brasileira, a cabeça da serpente seja esmagada e
precipitada ao inferno junto com seus demônios.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!
Por Padre Paulo Ricardo
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