RESENHA DO RELIGIOSO FREI RICARDO SOBRE A OBRA "VITA CONSECRATA" DE SÃO JOÃO PAULO II.
Província Santa Rita de Cássia
Brasil
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COMPARTILHAMOS AQUI UMA RESENHA REDIGIDA PELO RELIGIOSO FREI
RICARDO ALBERTO DIAS, OAR, NO QUAL NOS CONVIDA A REFLETIRMOS SOBRE A VIDA
CONSAGRADA.
Carlos Wojtyla, nasceu em Wodiwice (Polônia).
Eleito papa no dia 16 de outubro de 1978, foi o primeiro pontífice não italiano
a 455 anos. Teólogo, doutor em Filosofia, escritor e poeta.
O
fundamento evangélico da vida consagrada, se estabelece durante a insistência
de Jesus ao convidar seus discípulos não
só a acolherem o reino de Deus na sua vida, mas também a colocarem a própria
existência a serviço dessa causa, deixando tudo e imitando mais de perto a sua
forma de vida. Com tal identificação ao ministério de Cristo, a vida consagrada
realiza a titulo especial aquela confessio
Trintatis, que caracteriza toda a vida cristã, reconhecendo extasiada a
beleza sublime de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e testemunhando com alegria
a sua amorosa magnanimidade com todo ser humano. Portanto, a vida consagrada é
um anúncio daquilo que o Pai, pelo Filho no Espírito Santo, realiza com seu
amor, a sua bondade e a sua beleza.
Todo aquele que foi regenerado em Cristo
é chamado a viver, pela força que lhe vem do dom do Espírito, a castidade
própria do seu estado de vida, a obediência a Deus e à Igreja, e um razoável
desapego dos bens materiais, por que todos são chamados à santidade, que
consiste na perfeição da caridade.
À vida consagrada pertence certamente o
mérito de ter contribuído eficazmente para manter viva na Igreja a exigência da
fraternidade, como confissão da Trindade. Para as pessoas consagradas torna-se
uma exigência interior o colocar tudo em comum, bens materiais e experiências
espirituais, talentos e inspirações, como também ideais apostólicos e serviço
caritativo.
O Espírito Santo, que, ao longo dos
tempos suscitou numerosas formas de vida consagrada, não cessa de assistir a
Igreja, quer alimentando nos Institutos já existentes o esforço de renovação na
fidelidade ao carisma original, quer atribuindo novos carismas a homens e
mulheres do nosso tempo, para que dêem vida às instituições adequadas aos
desafios de hoje. A missão da vida consagrada e a vitalidade dos institutos
dependem, sem dúvida, do empenho de fidelidade com que os consagrados respondem
à sua vocação.
À imagem de Jesus, dileto filho, a quem
o Pai consagrou e enviou ao mundo, também aqueles que Deus chama a seguir a
Cristo são consagrados e enviados ao mundo para imitar o seu exemplo e
continuar a sua missão. Na realidade, a missão, antes de ser caracterizada
pelas obras externas, define-se pelo tornar presente o próprio Cristo no mundo,
através do testemunho pessoal. Este è o desafio, a tarefa primaria da vida
consagrada. Quanto mais se deixa conformar com Cristo, tanto mais o torna
presente no mundo, perante para a salvação dos homens. Além disso, a vida
consagrada também participa na missão de Cristo através da vida fraterna em
comunidade para missão.
Na historia da Igreja, juntamente com
outros cristãos, não faltarão homens e mulheres consagrados a Deus que exerçam,
por dom particular do Espírito, um autêntico ministério profético, falando em
nome de Deus, a todos, também aos pastores da Igreja. A verdadeira profecia
nasce de Deus, da amizade com Ele, da escuta diligente da sua palavra nas
diversas circunstâncias da sua palavra. No nosso mundo, onde freqüentemente
parecem terem-se perdido os vestígios de Deus, torna-se urgente um vigoroso
testemunho profético por ante as pessoas consagradas. A todas as pessoas
consagradas é pedido a ousadia do profeta que não tem medo de arriscar a
própria vida. Elas têm o dever de oferecer generosamente acolhimento e
acompanhamento espiritual a quantos, movidos pela sede de Deus e desejos de
viverem as exigências profundas da fé, se lhes dirigem.
É muito interessante como o autor busca através desta
obra Abordar todo contexto da vida
consagrada, mostrando que a mesma, sempre foi profundamente arraigada nos
exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, e que é um dom de Deus Pai à sua
Igreja, por meio do Espírito.
A presença universal da vida consagrada
e o caráter evangélico do seu testemunho provam que ela não é uma realidade
isolada e marginal, mas diz respeito a toda Igreja. A vida consagrada manifesta
o caráter unitário do mandamento do amor de Deus, na sua conexão indivisível
entre o amor de Deus e o amor do próximo.
O autor deixa bem claro que, estas novas
formas de vida consagrada, que se vêem juntar-se às antigas, testemunham a
constante atração que a doação total ao Senhor, o ideal da comunidade
apostólica, os carismas de fundação continuam exercendo mesmo sobre a geração
atual, e são também sinal da complementaridade dos dons do Espírito. Esclarece
também a importância dos religiosos. Deixando de lado as avaliações superficiais
de funcionalismo. Sabemos que a vida consagrada é importante, precisamente por
ser superabundância de gratuidade e de amor, o que se torna ainda mais
verdadeiro num mundo que se arrisca a ficar sufocado na vertigem do efêmero
(passageiro).
Outra coisa importante é lembrar que,
por ser doação total de mesmo a quem mais ama, a consagração religiosa será
também, e sempre perpétua. Dar-se
inteiramente a alguém implica e exige que o seja para sempre. O amor que não é
para sempre carece de autenticidade. Por isso bem diz o povo: “O amor sempre é eterno,se não for eterno
não é amor.” Embora o homem esteja sujeito à caducidade do tempo, ele não
nasce para a temporalidade, mas sim para a eternidade. Seus anseios e projetos
mais recônditos não são para este mundo, e sim para a eternidade. Além do mais,
vida consagrada é dom de Deus, e os dons de Deus são irrevogáveis e sua
fidelidade inquebrantável. Essa fidelidade é que cria no vocacionado a
capacidade de um sim permanente e irrevogável.
Finalmente conclui-se que a consagração
religiosa tem também caráter de plenitude. Isso equivale a dizer que a vida
consagrada de nada carece para tornar o homem plenamente realizado e feliz.
Pelo contrário, este é o estado de vida em que a pessoa mais plenamente realiza as aspirações mais
profundas de seu ser, principalmente as que procedem de sua dimensão
transcendental. As amizades e comunhões humanas, por mais plenas e fiéis que
sejam, são incapazes de atender os anseios mais profundos do coração do homem.
Só alguém que é verdadeiramente Deus e ao mesmo tempo homem perfeito, Cristo,
pode estabelecer com a criatura humana um convívio realmente plenificado.
Assim, o verdadeiro consagrado, em vez de dizer que nada possui, que sacrificou
ou perdeu sua liberdade ou, ainda, que levar uma vida privada do amor humano,
testemunhará, com a própria vida, ser homem plenamente livre, rico e cheio de
amor, por que quem nele vive é Cristo, o homem perfeito.
Fonte:
JOÃO PAULO II, Vita Consecrata. São
Paulo. Paulinas, 1996.
Por Frei Ricardo Alberto Dias, OAR
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