ENTIDADES SE UNEM A FAVOR DE DOM AZCONA, OAR (BISPO DE MARAJÓ), CANDIDATO A RECEBER O VI PRÊMIO DE “DERECHOS HUMANOS REY DE ESPAÑA”.

Prelazia de Marajó
Marajó-PA

Dom José Luis Azcona Hermoso, oar, candidato a receber o VI Premio de Derechos Humanos Rey de España. (Foto: Paulo Santos)

        Reconhecidamente uma das regiões mais excluídas do Brasil, o Marajó é uma área marcada pela insegurança fundiária, falta de acesso a direitos básicos, economia altamente informal e falta de respeito aos direitos humanos elementares. São críticos, a alta escala de prostituição infantil, tráfico de pessoas, violência doméstica e falta de atendimento à saúde. E, neste cenário de abandono, as lutas por melhoria da qualidade de vida das comunidades tradicionais e pela conservação ambiental, não param. É o caso do Bispo da Prelazia do Marajó, Dom José Luiz Azcona, OAR, ativista da causa socioambiental no Marajó desde 1985, diversas vezes reconhecido internacionalmente por sua luta pelo povo marajoara. Agora entidades paraenses e nacionais se unem para que o Bispo, originário da Espanha, receba um dos mais importantes prêmios de direitos humanos do mundo, o VI Premio de Derechos Humanos Rey de España.

         “O prêmio, se for dado à Dom Azcona, será um grande reconhecimento à luta social que ele emprega com tanto fervor no Marajó, sempre em prol das comunidades mais desassistidas. Entre os exemplos está o apoio dele com relação aos questionamentos sobre o avanço da produção do arroz, onde as comunidades ficam à mercê do interesse dos grandes produtores”, analisa João Meirelles, diretor do Instituto Peabiru, uma das entidades comprometidas na campanha pelo Bispo do Marajó. “O ativismo do Bispo já vem há quase 30 anos e é, destacadamente, um trabalho que contribuiu positivamente em muitas frentes para o povo marajoara em diversos casos, inclusive naqueles em que os conflitos foram explícitos entre Dom Azcona e fazendeiros”, relembra Meirelles.

        Além do Instituto Peabiru, apoiam a campanha pelo Bispo Azcona, o MHuD (Movimento Humanos Direitos), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) – Regional Norte 2 Comissão Justiça e Paz -, o Grupo de Pesquisa Violência e Diálogo: Investigações em torno da Sociologia da Ética da Universidade Federal do Pará e deputados estaduais e federais do Pará, em comum acordo. De acordo com a Secretaria da Prelazia do Marajó, ainda estão sendo aguardadas mais manifestações de apoio à causa por parte de outras entidades.

        “Nós sempre temos a honra de ter Dom José Azcona como convidado em palestras e seminários na Universidade. E, em particular, o Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia vem travando com o mesmo uma troca e um aprendizado em termos acadêmicos e humanos extremamente importantes nos últimos anos. Portanto, Dom Azcona traz para os meios acadêmicos elementos fundamentais de compreensão da realidade amazônica e da triste realidade da região do Marajó, absolutamente invisível para a esfera pública e cujos habitantes encontram-se à margem dos mais elementares direitos incluindo os referentes à vida e à dignidade humanas”, avalia, em carta enviada à Prelazia do Marajó, a Professora Dra.Kátia Marly Leite Mendonça, coordenadora do Grupo de Pesquisa Violência e Diálogo: Investigações em torno da Sociologia da Ética.

        O Movimento Humanos Direitos (MHuD) também reconhece, em carta assinada pela Diretora Geral, Dira Paes, a luta e o compromisso do Bispo do Marajó em defesa da vida humana. “(Dom Azcona) Incansável de ações em prol da cultura de paz e da garantia dos direitos humanos. Por denunciar casos que ocorrem de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, assim como o enfrentamento ao tráfico humano, Dom José, sofre ameaças de morte por ser um profeta em meio aos clamores do seu povo”, defende o MHuD.

        Uma campanha de mobilização para arrecadar assinaturas a favor do Bispo está na internet e pode ser acessada através do perfil de Dom Azcona no facebook, pelo endereço:


Dom José Azcona e o Marajó

        Nascido na Espanha, Dom José recebeu rigorosa educação e decidiu-se pelo caminhar religioso muito jovem. Em 1985 se oferece como voluntário para missão no Marajó, onde os Agostinianos Recoletos já trabalhavam como missionários e, a partir daí, não deixa a região. Dois anos depois, em 1987, é nomeado Bispo da Prelazia de Marajó, com sede em Soure e que atende nove municípios – Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Chaves, Melgaço, Portel, Salvaterra e Soure (Sede) – numa área maior que o estado da Paraíba. Hoje são 430 comunidades nesta região de difícil acesso, onde a maioria das localidades é alcançada de barco, ou por precário acesso terrestre.

        Para Dom Azcona a situação da Prelazia do Marajó, em nível econômico-social, é preocupante. “Há séculos, é uma região abandonada e isso prossegue. Em vez de assistirmos a uma evolução positiva, social, no dinamismo do desenvolvimento, o que encontramos em muitos aspectos é uma involução, uma espécie de atraso e que nos está colocando fora do ritmo cada vez mais acelerado que está levando o Brasil emergente”.

        E, entre os principais desafios que a Prelazia enfrenta, Dom Azcona identifica: “Problemas políticos sérios como a falta de liberdade política; degradação ambiental; alto índice de desemprego; falta de formação e compromisso dos leigos; prostituição infantil em alta escala e exploração sexual de crianças; tráfico de seres humanos; grilagem de terras; violência doméstica; marginalização da juventude; falta de capacitação profissional; falta de incentivo à população ribeirinha e colônias de pescadores; poluição das águas; violência no campo e na cidade; consumo de drogas; falta de assistência social aos jovens; saúde e educação deficitárias; alto índice de malária, principalmente nas cidades de Anajás, Bagre, Portel e Melgaço”.

        Dom José Luis Azcona Hermoso nasceu no dia 28 de Março de 1940, em Pamplona, na Espanha. Fez sua profissão religiosa na Ordem dos Agostinianos Recoletos no dia 22 de Setembro de 1961 em Monachil – Espanha. Foi ordenado sacerdote em 21 de Dezembro em 1963, em Roma – Itália.

Sobre o VI Premio de Derechos Humanos Rey de España

        Trata-se de um prêmio com periodicidade bianual e uma dotação de 25.000 euros. É destinado a reconhecer as entidades de natureza pública ou privada que tenham iniciativas na península ibérica e países latino-americanos na defesa, promoção e realização dos direitos humanos e dos valores democráticos ou que tenham impulsionado a investigação ou a implantação de programas de intervenção com vista à promoção destes valores.

Contatos da Prelazia do Marajó
Prelazia do Marajó- (91) 3741-1333
Kátia Brito, secretaria de Dom José – (91) 8157-3643
Email: prmarajo@gmail.com
 

Edição para o Blog da Província: Frei Ricardo, OAR

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