MENSAGEM DE PÁSCOA

«Olharão para Aquele que trespassaram»

Ao olhar Jesus na cruz, nosso olhar se encontra com o seu. Então seu olhar, como um penetrante facho de luz, chega até o fundo de nosso ser; e então, em nosso coração ferido e inquieto brotam novos desejos de doação e serviço; somos dominados por profundos sentimentos de paz e ardentes desejos de amar como Jesus amou. É João que, recolhendo as lições da Escritura, lança o olhar em direção ao futuro e nos convida a olhar “Àquele que trespassaram” (cf. Jo 19,37).
 
 
Ao olhar com olhos de fé ao que traspassaram, chega a mim – como chega a todos – o olhar de tantas crianças e idosos que pedem pão, afeto, trabalho, escola, dignidade e paz; sou tomado pelo dissabor ao deparar o olhar do enfermo de corpo e alma, a dor do coração humano; também me chega o olhar de tantas pessoas que, no vazio de sua vida, têm verdadeira sede de Deus.
Olhando Jesus na Cruz, eu não sei muito bem como, mas sei que faz sentido a minha cruz; a cruz de cada dia, esta cruz tecida entre a graça que vem de Deus e o meu pecado, a luta entre o desejo bom e o egoísmo que não quero, entre esperança e desespero, entre mim e o Cristo que vive em mim. É possível mudar, romper as amarras de tantas seguranças inúteis, superar a mediocridade e não ser seduzido por uma religiosidade egocêntrica. Neste conflito vital, para contemplar a Cruz, entendo bem as palavras que Francisco disse há poucos dias: Não desçamos da cruz antes do tempo.
 
 
Olhando «Àquele que traspassaram» quisera, como Pedro, chorar meus medos e negações, e estar, como João, com Maria, aos pés da Cruz. Quero poder sonhar e esperar com alegria a possibilidade de encontrar vivo todos os dias o mesmo Jesus que morreu na Cruz; quisera, como Tomé, poder enfiar o dedo no furo de sua mão e confessar minha fé; quisera ser o barco de pesca à noite e, ao amanhecer, reconhecer o mesmo Mestre.
É o próprio Jesus que hoje se manifesta a nós quando ouvimos a Palavra e partimos o pão, assim como ocorreu com os discípulos de Emaús que sentiram arder-lhes o coração. Olhando para Jesus na cruz, não fiquemos estagnados na morte, mas abramos nosso coração para a nova vida que Deus, o bom Pai, nos dá. E, estando na companhia de Maria e dos Apóstolos, como em Pentecostes, recebemos a infusão do Espírito de Jesus que nos envia também hoje como testemunhas da sua ressurreição, para anunciar com alegria e esperança a boa notícia de vida, amor e paz.

 
Amigos online, desejos a vocês e suas famílias uma feliz
Páscoa da Ressurreição.
 
 
 
 
 
 
         
Frei Ademir Garcia, OAR

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